segunda-feira, 20 de junho de 2016

Quando o amor por uma cidade ultrapassa todos os limites

Cleveland, Ohio. Terra de 690 mil habitantes, todos conectados pelo esporte, mas até então fadados a uma maldição: 52 anos sem nenhum time da região faturar um título nacional. A esperança surgiu com um garoto de 17 anos, vindo diretamente da escola para a NBA em 2003. LeBron James nasceu na cidade de Akron, em Ohio, e nunca escondeu seu amor pela cidade e pelos fãs, amor que foi somado com talento e muita vontade de vencer e entrar para a história.

Era uma combinação perfeita, porém James passou por momentos muito difíceis com o Cleveland Cavaliers, O jogador sempre carregou o time nas costas, mas sozinho não tinha êxito na concretização de um título para franquia. Foi varrido nas finais de 2007 pelo San Antonio Spurs, derrotado pelo Orlando Magic na final da conferência leste em 2010. James decidiu sair em busca de um título em busca de uma experiência vitoriosa, para depois voltar para Cleveland. Os torcedores assimilaram aquilo como traição, alguns inclusive queimaram a camisa 23 de LeBron.
Depois de conquistar seus dois primeiros títulos pelo Miami Heat, LeBron sentiu que era hora de voltar e continuar a missão que lhe foi desstinada. "I'm coming home", disse o ala em sua rede social em 2014. Junto com a notícia veio a promessa mais importante de sua carreira, não dois, não três, não quatro, mas um título para Cleveland, um título mais do que especial. A promessa era para as crianças de sua fundação, que ganharam bolsas para entrar na faculdade, era para toda a população. 
                                                                        LeBron usando as pulseiras "I promise"

A promessa virou um mantra para o jogador, que gravou-a em uma pulseira que utiliza durante os jogos e também é o nome de sua fundação. James montou seu time em 2014, que já contava com um grandíssimo talento proveniente do Draft de 2011, o garoto de Duke, Kyrie Irving. Depois de uma boa temporada regular, os Cavs passaram por seus adversários e chegaram na final da NBA, contra a sensação da temporada, o Golden State Warriors. O Cleveland já tinha perdido Kevin Love na série contra o Boston Celtics e acabou perdendo Irving durante a final contra o Warriors. James sozinho, novamente teve atuações monstruosas, entretanto não conseguiu o título, perdendo-o em casa no jogo 6, apesar de toda a entrega do time.
A temporada 2015/16 chegou, com um Golden State Warriors fora do comum, avassalador e todas as características do tipo. A temporada do time de Oakland era simplesmente irreal, e o título era uma realidade, já esperada por quase todo o planeta. Contudo, uma pedra gigantesca no sapato de Steve Kerr e seus comandados surgiu na final do oeste: o Oklahoma City Thunder. "Ué, mas por quê o Thunder, laranja?" Por quê o OKC deu um nó tático no GSW e mostrou que aquele time poderia sim ser batido, porém devido a atuações iluminadas dos jogadores do Golden State, com as conhecidas chuvas de três pontos e muitos erros bobos do Thunder, os Warriors viraram a série, que chegou a estar 3-1 para o Oklahoma!
A final da NBA serie uma revanche entre Cavs e GSW. Dessa vez o Golden State estava muito além do favoritismo, com seu currículo na temporada recheado com inúmeros recordes, coletivos e individuais. Com favoritismo confirmado, os Warriors ditaram o ritmo da série e conseguiram um 3-1 rápido e fácil. A temporada parecia estar chegando no fim, já que o Cavs teria que superar números super desfavoráveis. Tudo recomeçou com a suspensão de Draymond Green para o decisivo jogo 5 em Oakland e a lesão de Andrew Bogut no início do jogo 5 (parece não ser importante, né? Vai se enganando, querida). 

Com Kyrie e LeBron jogando um basquete simplesmente irreal, combinando para OITENTA E DOIS pontos no jogo, os Cavs sobreviveram a batalha, mas ainda havia mais duas para o fim da guerra. Todavia, aquele jogo 5 foi quando o momentum se mudou para Cleveland, a confiança e esperança cresceram. Hora do Thunder, graças as táticas defensivas "criadas" por Billy Donovan, os Cavs tinham um modelo, uma ideia de como anular os jogadores dos Warriors, e não é que deu certo? Stephen Curry apareceu em três jogos, Klay Thompson sumido, Harrison Barnes (a válvula de escape) sumido, Iguodala contribuindo pouco,  Ezeli e Varejão prejudicando (tá vendo como o Bogut fez falta?). Tudo isso não por conta de um simples apagão do GSW e sim justificado por uma defesa impecável dos Cavs.
Depois de uma lavada no jogo 6 em Cleveland, todas as expectativas se voltaram para o capítulo final, o jogo 7 em Oakland! O jogo mais difícil da série para ambas as equipes, que equilibravam o placar durante todo o jogo, com o clímax ocorrendo por volta dos 4 minutos finais da partida, quando o jogo estava empatado em 89 pontos e nenhuma das equipes conseguia pontuar, era um mix de nervosismo e defesas fortes, até que em uma contra-ataque liderado por Curry, quando o Warriors finalmente iria passar a frente no placar, isso aconteceu:

E quando os lances inimagináveis do Cleveland pareciam ter chegado ao limite, Kyrie Irving decidiu o jogo no minuto final com uma cesta indescritível:

Como o esporte é irônico, principalmente o basquete. após virar uma final de conferência oeste após estar perdendo por 3-1, o mesmo iria acontecendo com o Golden State. A história resolver brincar com os Warriors no jogo mais importante de toda a temporada, o mesmo Warriors que brincou com a história durante a temporada. No final, quem reescreveu o final de uma temporada histórica foi o Cleveland Cavaliers, atropelando as seguintes estatísticas:
- 52 anos sem Cleveland vencer um título nacional.
- Nenhum time havia virado uma final depois de estar perdendo por 3-1.
- O Golden State Warriors não perdia 3 jogos consecutivos desde 2013.
- Os mandantes venceram 15 vezes e perderam apenas 3 em jogos 7 durante a história.

Pelos números do Golden State, essa provavelmente foi a final mais dolorida da história da NBA, mas não poderia ser chamada de injusta de forma alguma, já que a coragem e espírito de luta do Cleveland Cavaliers superou todas as expectativas, LeBron James cumpriu a sua promessa com um grande atuação final, se tornando o terceiro jogador na história a marcar um triplo duplo em um jogo 7 das finais! Em homenagem a tudo que um dos melhores jogadores que essa liga já viu, achei esse vídeo mostrando tudo que James passou até chegar a esse título, é simplesmente sensacional. O amor de LeBron James bateu os números e estatísticas.

"This is for you Cleveland!", LeBron James

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Aquecimento para as finais de conferência!


A temporada 2015/16 da NBA entrou definitivamente na sua reta final, os 4 times restantes começarão a disputar as respectivas finais de conferência. Tudo começa hoje com um super jogo entre Oklahoma City Thunder e Golden State Warriors. Vou postar o calendário das séries e também um preview dos confrontos.
Confira o cronograma das finais de conferência:

16/05 (também conhecido como HOJE!): 
Oklahoma City Thunder x Golden State Warriors (22h no SPORTV)
17/05:
Toronto Raptors x Cleveland Cavaliers (21h30 na ESPN)
18/05:
Oklahoma City Thunder x Golden State Warriors (22h no SPORTV)
19/05:
Toronto Raptors x Cleveland Cavaliers (21h30 na ESPN)
21/05:
Cleveland Cavaliers x Toronto Raptors (21h30 na ESPN)
22/05:
Golden State Warriors x Oklahoma City Thunder (21h no SPORTV)
23/05:
Cleveland Cavaliers x Toronto Raptors (21h30 na ESPN)
24/05:
Golden State Warriors x Oklahoma City Thunder (22h no SPORTV)
25/05:
Toronto Raptors x Cleveland Cavaliers -Se for necessário- (21h30 na ESPN)
26/05:
Oklahoma City Thunder x Golden State Warriors -Se for necessário- (22h no SPORTV)
27/05:
Cleveland Cavaliers x Toronto Raptors  -Se for necessário- (21h30 na ESPN)
28/05:
Golden State Warriors x Oklahoma City Thunder  -Se for necessário- (22h no SPORTV)
29/05:
Toronto Raptors x Cleveland Cavaliers  -Se for necessário- (21h30 na ESPN)
30/05:
Oklahoma City Thunder x Golden State Warriors  -Se for necessário- (22h no SPORTV)

Agora um preview das séries, começando com Raptors x Cavaliers. 

Não tem nem muito o que falar sobre os Cavs, já que o time está sendo soberano na conferência leste, além de ter liderado durante toda a temporada regular, o time varreu todos os seus adversários dos playoffs (Pistons e Hawks), garantindo também um bom descanso, chegando inteiro para enfrentar os Raps. 
O Raptors é como uma montanha russa, cheia de altos e baixos, muito por conta da instabilidade dos seus astros, Lowry e DeRozan, que ainda buscam uma regularidade e protagonismo nos jogos. O time de Toronto também não conta com um dos seus importantes jogadores, Jonas Valanciunas, que vinha sendo um dos melhores dos times durante vários jogos do time nos playoffs e provavelmente ficará de fora dos dois primeiros jogos.
Cavs e Raptors se enfrentaram três vezes na temporada regular, com duas vitórias dos dinos (em Toronto) e uma do Cavaliers (em Cleveland), vale ressaltar que o time de LeBron James tem o mando de quadra e o favoritismo.

Thunder x Warriors. 

Outro time que também não há muito o que ser dito, é o Golden State, o time dos recordes, o time que fez a melhor campanha da história da NBA nesta temporada, o time do MVP, Stephen Curry, é favorito no confronto. 
O Thunder faz uma campanha de superação, o que foi mostrado contra o poderoso San Antonio Spurs, uma capacidade de se reinventar na série, com bons ajustes feitos pelo técnico novato na NBA, Billy Donovan e as estrelas de Kevin Durant e Russell Westbrook.
Os dois times protagonizaram o que talvez seja o melhor jogo da temporada regular, que foi decidido na prorrogação com um chute de muito longe de Curry. Foram três confrontos na fase regular, com três vitórias do atual campeão, porém com muita dificuldade, não se engane com o Thunder, que deve dar muito trabalho e tem chances de surpreender.

domingo, 17 de abril de 2016

O primeiro dia dos playoffs 2016

Vou fazer um resumo de cada dia e série dos playoffs, com resultados, notícias e os meus palpites dos jogos!
Indiana Pacers 100x90 Toronto Raptors: O Raptors perdeu o primeiro jogo em casa e decepcionou seus fãs mais uma vez na primeira rodada dos playoffs, o time foi eliminado na primeira rodada nos dois anos anteriores e a derrota de ontem pode balançar com o psicológico dos jogadores, principalmente das estrelas Kyle Lowry e DeMar Derozan que tiveram uma atuação péssima ontem. Se a dupla do Raptors somou 25 pontos, pelo lado do Pacers, Paul George marcou 33 pontos (27 só no segundo tempo) e deu 6 assistências, garantindo a vitória do Indiana:
O jogo 2 vai rolar na segunda-feira às 20h, sem transmissão da TV brasileira.

Houston Rockets 78x104 Golden State Warriors: Os atuais campeões estrearam passeando em quadra contra o Rockets, o destaque foi Stephen Curry com 24 pontos e 7 rebotes em apenas 20 minutos, pois ele sentiu o tornozelo e ficou de fora do restante da partida e é dúvida para o jogo 2. James Harden foi muito bem marcado e só conseguiu anotar 17 pontos em 32 minutos:
O jogo 2 será na segunda-feira às 23h no SPORTV2

Boston Celtics x Atlanta Hawks: O jogo foi bem sonolento até o último quarto, o Hawks liderou o placar de forma segura, mas o Boston reagiu nos dois últimos quartos e por pouco não conseguiu empatar o jogo, já era tarde demais. Os destaques foram Jeff Teague (23 pontos e 12 assistências) e Al Horford (24 pontos e 12 rebotes). No lado dos celtas, Isaiah Thomas anotou 27 pontos, mas o destaque (negativo) foi a lesão de Avery Bradley, que teve uma ruptura muscular na coxa e será muito difícil para ele voltar ainda nessa temporada:
O jogo 2 será na terça-feira, sem transmissão da TV brasileira até agora.

Dallas Mavericks x Oklahoma City Thunder: Bom, não tenho muito a dizer sobre o jogo, vou resumir brevemente: Um massacre do Thunder! Os destaques foram Russell Westbrook (23-5-11), Kevin Durant (23-5-5) e Serge Ibaka voltando aos bons tempos (17-9). Pelo lado do Mavs, Dirk Nowitzki foi o único que foi jogar e marcou 18 pontos:
O jogo 2 ocorrerá na segunda-feira ás 21h com transmissão do SPORTV2.

Hoje os playoffs começam para o restante dos times, vou botar em negrito os meus palpites dos vencedores:
Detroit Pistons x Cleveland Cavaliers (16h sem transmissão da TV brasileira)
Charlotte Hornets x Miami Heat (18:30 sem transmissão da TV brasileira)
Memphis Grizzlies x San Antonio Spurs (21h com transmissão do SPORTV2)
Portland Trail Blazers x Los Angeles Clippers (23:30 com transmissão do SPORTV2)

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Um final que não poderia ser de outra maneira

Em uma temporada assombrosa do Los Angeles Lakers, algo que infelizmente vem sendo constante nos últimos anos, uma bomba abalou a todos ainda no início da temporada: Kobe Bryant anunciou a sua aposentadoria. Era o fim já declarado de uma era maravilhosa e de um jogador incrível, fazendo das palavras da lenda Magic Johnson as minhas, o mais próximo de Michael Jordan que pudemos ver.
A notícia tornou esta temporada um tour de despedida desse gênio das quadras, nada mais importava, além dos jovens jogadores do time evoluírem e ganharem experiência, claro. O torcedor do time viveu um dilema angustiante: Assistir uma temporada péssima do time, mas ao mesmo tempo, torcendo para ela não acabar, para adiar ao máximo o que era inevitável, a despedida de Kobe.
Ao se despedir de cidade em cidade, Kobe tornou essa temporada uma droga! Exatamente por ter feito ela passar tão rápido. Quando piscamos os olhos, abril já tinha chegado, trazendo a reta final de um Black Mamba todo remendado, mas enfrentando as lesões e todos os problemas que aparecessem no alto dos seus 37 anos de idade, para aproveitar seu último ano ao máximo, indo até o limite para fazer os fãs mais felizes, e quando digo isso, é sobre os fãs de todos os times da NBA.
Tudo se resumiu no jogo de ontem, 13/04/2016, o Mamba Day, nomeado pela Nike e aderido pelos fãs. Uma série de homenagens lindas foram feitas para ele, por vários jogadores, de vários esportes:


E também por aqueles que sempre o odiaram:


O cenário da despedida foi cuidadosamente criado no Staples Center e em toda a sua volta. O jogo era contra o Utah Jazz, o curioso é que semanas antes, o mesmo Jazz tinha proporcionado a pior derrota da história do Lakers, 48 pontos de diferença (empatado com a derrota sofrida para o Clippers). O time de Utah havia sido eliminado horas antes, com a vitória do Rockets. Quem pensou que eles tirariam o pé por causa da despedida de Kobe, errou, mas foi o mais justo, já que tudo que Kobe Bryant conseguiu em sua carreira, foi por conta do seu esforço, do seu trabalho duro, vontade de vencer, e esse jogo resumiria o que foi a carreira dele.
O Jazz dominou as ações durante todo o jogo, enquanto isso, o esquema tático do Lakers era dar a bola pro Mamba, que de vez em quando esquentava e acertava tudo. O Lakers chegou a ficar próximo no placar poucas vezes, até o último quarto, onde a mágica aconteceu. 
Eu botei isso no meu Twitter ainda no 3º quarto do jogo:

Bom, realmente era ideal, mas para uma despedida de um jogador desse calibre, o ideal não bastava, era muito pouco. E para os haters, que diziam que ele só estava com uma pontuação alta porque estava chutando demais, um silêncio absoluto, ou uma última demonstração de que ele é capaz de ganhar o respeito de todos. Até 1 minuto e 40 segundos restantes de jogo, o Jazz liderava por 8 pontos, mas o que ninguém espera aconteceu, depois de ter feito isso milhares de vezes, ele fez mais uma vez, no dia mais especial:

Em nenhum momento durante as homenagens ele balançou, mas depois de acertar a cesta da virada, sendo ovacionado pela torcida, fazendo o Staples Center tremer mais uma vez, Kobe deu sinais de que estava emocionado, uma última vez fazendo tudo aquilo, um momento indescritível. Depois de ter se declarado ao basquete em sua carta anunciando sua aposentadoria, ontem foi a vez do basquete se despedir de Kobe Bryant, da melhor forma possível, um final que não poderia ser de outra maneira.
E pra quem gosta de números, a última partida de Kobe Bryant na NBA:
-60 pontos!
-44% de aproveitamento nos chutes
-4 rebotes
-4 assistências
-O jogador mais velho a conseguir marcar 60 pontos.
-O segundo jogador a marcar mais de 40 pontos em todos os times da liga (junto com Bob Pettit)
Kobe. Bean. Bryant. 13.04.2016

segunda-feira, 11 de abril de 2016

A história do Portland Trail Blazers


O Portland Trail Blazers é um dos times da conferência oeste da NBA. A franquia já tem 46 anos de existência, com tradição, grandes jogadores, título e que eu, particularmente, acho um time bastante adorável.
A história do time começou em 1970, quando em uma expansão proposta pela NBA, três times foram fundados: o Buffalo Braves (atual L.A. Clippers), Cleveland Cavaliers e o Portland Trail Blazers por Larry Weinberg. A primeira temporada não foi muito boa, mas foi a melhor entre os times estreantes daquele ano, o time terminou com 29 vitórias e 53 derrotas. O destaque individual era o jovem armador, Geoff Petrie, que dividiu o prêmio de melhor novato do ano (ROY) com David Cowens, do Boston Celtics.
Geoff Petrie
O Blazers piorou na temporada seguinte (18-64), apesar de ter outro novato surgindo, em 1972, o ala Sidney Wicks, se tornou o segundo jogador do time a vencer o ROY. Wicks ainda foi escolhido como titular no all star game de 1973, a campanha do time melhorou em apenas 3 vitórias. Em 1974, após outra temporada ter acabado, o Blazers conseguiu 27 vitórias e 55 derrotas, mas o presente daquele ano foi bem melhor no Draft, com a primeira escolha, o Portland selecionou o pivô e futura lenda, Bill Walton!
Bill Walton
Walton era aquele tipo de jogador que engana quem o vê, vou explicar melhor, ele tinha a aparência de ser desengonçado, um jeitão meio rústico, mas era simplesmente um monstro em quadra, desde a faculdade, onde ganhou duas vezes o título da liga jogando por UCLA. Ele era o pé de apoio do Portland, o pé que faria você ter a base para dar um passo importante, vencer algo a mais, um título.
Entretanto, mesmo com a melhora do elenco e com um técnico que faria parte do hall da fama do basquete, Lenny Wilkens, o time não despontava. Em 1975 a campanha foi de 38 vitórias e 44 derrotas e em 1976 foi de 37 vitórias e 45 derrotas, ficando fora dos playoffs outra vez. O time não vingava. Wilkens voltou para Seattle, encerrando mais uma fase em Portland.
Depois de ter tido uma temporada ruim, não ter conseguido chegar aos playoffs desde sua fundação, com um técnico novo, o que esperar dos Blazers?  Em sã consciência, qualquer um diria que era uma temporada de adaptação, de apresentar algo diferente, melhorar a campanha anterior e lutar por uma vaga nos playoffs, se possível. Mas espera aí, o que vocês acham de vencer um título? Parece maluquice, não é? Pense melhor depois do que eu explicar o que aconteceu.
Maurice Lucas
A temporada 1976-77 começou com uma mudança fundamental: A NBA e  ABA (maiores ligas de basquete dos Estados Unidos) se fundiram, o que tornava aquela temporada ainda mais acirrada. O Portland começou trazendo o técnico Jack Ramsay e o ala-pivô, Maurice Lucas, proveniente do Draft de jogadores da ABA, mas para isso tiveram que se desfazer do armador Geoff Petrie. Não foi um problema, já que Lucas e Walton formaram uma excelente dupla, liderando o time, ambos foram selecionados para os playoffs.
A torcida do Portland fez parte da Blazermania, uma febre na NBA,  os torcedores lotavam todos os jogos, faziam festa no aeroporto para receber o time, que correspondia em quadra. Durante a temporada, o time chegou a ter sua vaga um pouco ameaçada, porém terminaram de forma sólida, em terceiro lugar no oeste (49-33), atrás apenas do Nuggets, Lakers e Sixers na classificação geral. Nos playoffs, o time passou pelo Chicago Bulls na primeira rodada, pelo Denver Nuggets e chegou na final da conferência oeste, o clima era de festa na cidade.
Foto incrível da fervorosa torcida dos Blazers
Os Blazers causaram um verdadeiro alvoroço, mas eram eles capazes de derrotar o poderoso Los Angeles Lakers da superestrela, Kareem Abdul-Jabbar? Na fase regular, o Lakers havia vencido três dos quatro jogos contra o Trail Blazers. O incrível aconteceu, o time de Oregon varreu o Lakers sem tomar conhecimento e chegou na final da NBA em sua primeira participação nos playoffs!
Depois de ser tão questionado, o Portland chegou na final bastante respeitado, mesmo enfrentando o excelente time do Philadelphia 76ers de Julius Erving. Os questionamentos quanto ao Blazers voltou após o Sixers vencer os dois primeiros jogos da série final, era improvável uma virada. Entretanto a campanha do Blazers era contra fatos improváveis, e aconteceu. A dupla Walton e Lucas brilhou, junto com todos os outros jogadores do time, fechando a série com um 109x107 no jogo 6, no Memorial Coliseum (antiga arena dos Blazers),  Bill Walton foi o MVP das finais.
Time e torcida de Portland comemorando o título no Memorial Coliseum
Após um dos títulos mais inesperados da NBA, quase todo o elenco dos Blazers teve suas camisas aposentadas em homenagem àquela temporada fantástica. Na temporada seguinte, o time era avassalador, começou com 50 vitórias e apenas 10 derrotas, mas tudo foi por água abaixo com a lesão no pé de Bill Walton, que mesmo perdendo o resto da temporada, foi eleito o MVP da liga.  O Portland caiu nas semifinais do oeste para o Supersonics.
Walton pediu para ser trocado no final da temporada, pois estava insatisfeito com o tratamento médico de Portland, o que acabou não acontecendo e ele perdeu toda a temporada 1978-79 e saiu do time na janela de verão para o San Diego Clippers. A saída de Lucas em 1980 marcou o fim daquela era em Portland. O time seguiu regular, se classificando, mas caindo cedo nos playoffs. O time tinha bons jogadores, como Jim Paxson, Fat Lever e Mychal Thompson. Ainda faltava um jogador fora de série, que não demorou a chegar, já que em 1983, a lenda Clyde Drexler foi draftado pelo Trail Blazers.
Clyde Drexler
A primeira temporada de Drexler foi discreta, o que iria mudar bastante nos anos seguintes. Falando em ano seguinte, em 1984, o Portland herdou a segunda escolha geral do Draft, o que certamente iria potencializar muito aquele time. Eles selecionaram Sam Bowie, ao invés do garoto Michael Jordan, que acabou indo para o Bulls, que tinha a terceira escolha.
O time ficou bem mais forte com a chegada do ala Kiki Vandeweghe, que fez uma boa parceria com Clyde Drexler e Terry Porter (draftado em 1985). O processo de renovação ainda teve a saída do técnico Jack Ramsay substituído por Mike Schuler, que ajustou o time e foi eleito o melhor técnico do ano (COY) em 1987, contudo o time não conseguia passar da primeira rodada dos playoffs, mesmo com as boas campanhas na temporada regular e um ataque letal com incríveis 177,9 pontos por jogo. 
Schuler durou até 1989, quando o Blazers fez uma campanha negativa e o assistente Rick Adelman assumiu o time. Apesar da campanha ruim, o Portland encantava os fãs do basquete, com um estilo de jogo contagiante. O ex-assistente técnico conseguiu transformar o time em uma potência da liga em 1990, melhorando a defesa, que também melhorou após a contratação do ala-pivô Buck Williams.
Depois de conseguir 59 vitórias e 23 derrotas na temporada, e graças ao seu poderio ofensivo, principalmente dentro de casa, Portland ganhou o apelido de 'Rip City'. O time finalmente voltou a uma final da NBA, mas acabou sendo derrotado pelo Pistons dos 'bad boys' 
Porter, Drexler, Williams e Kersey
O excelente quinteto (Porter, Drexler, Kersey, Williams e Duckworth) seguiu em alta e chegou na final da liga outra vez em 1992, mas era uma daquelas histórias de bons times/jogadores que nasceram em uma época errada, nesse caso especificamente, se tratava da era de Michael Jordan e do melhor time da história da NBA, o Bulls venceu a final por 4-2. Uma pena para aquele time do Portland, que merecia um título. Bom, o importante é que eles não serão esquecidos.
Depois de 1994, os Blazers viveram o início de um declínio, com seus jogadores tendo lesões e posteriormente sendo trocados, marcando o fim da era Drexler, Porter e Duckworth, além do técnico Rick Adelman, da sua arena, Memorial Coliseum (com a mudança para o Rose Garden), e do recorde de jogos consecutivos lotando a sua arena. 
Desde então o Trail Blazers adquiriu uma característica fundamental e que já atravessa anos sem quase mudar: Eles tem a capacidade de sempre fazer um time bom e competitivo, mesmo com poucas peças de destaque. O Portland se tornou uma figura carimbada nos playoffs, um time bastante regular durante as temporadas.
Na lista dos ótimos jogadores que passaram por lá desde 1999, estão Rasheed Wallace, Isaiah Rider, Damon Stoudamire, Scottie Pippen, Zach Randolph (que ganhou o prêmio de jogador que mais evoluiu de uma temporada para outra em 2004), Brandon Roy, LaMarcus Aldridge (provenientes do mesmo Draft, ajudaram a franquia a renascer depois de vários problemas internos), Wesley Matthews, Nicolas Batum etc. O time manteve o nível frequentando os playoffs várias vezes.
O excelente quinteto do Blazers que foi campeão de divisão em 2015
O auge do atual time foi com o Draft do armador Damian Lillard em 2012, o garoto é talento puro e formou uma excelente parceria com ótimos jogadores, Aldridge, Matthews e Batum, era um dos melhores times da liga, inclusive venceram juntos o título da divisão em 2015, O lance mais incrível e que marcou a carreira do jovem armador clutch do Portland foi a cesta da vitória faltando 0,9 segundos contra o Houston Rockets no jogo 6 da primeira rodada dos playoffs, classificando o Portland, o time não passava da primeira rodada desde 2000.
O lance inesquecível de Damian Lillard
Na atual temporada algo inesperado aconteceu: O quinteto titular do Portland sofreu um desmanche e o único que sobrou foi Damian Lillard. Muitas piadas foram feitas por conta disso e não se esperava muita coisa do time nesta temporada, porém com grandes atuações de Lillard e o surgimento de vários jovens talentos, como C.J. McCollum, Allen Crabbe, Al Farouq Aminu, Maurice Harkless e outros, os Blazers supreeenderam com um time raça, jovialidade, talento e força. O resultado foi a classificação antecipada aos playoffs e a garantia de que há um bom presente e futuro para a franquia.
O responsável pelo presente e futuro do Portland: Damian Lillard


Curiosidades do Portland Trail Blazers:
1. É o único time do estado de Oregon que participa das grandes ligas profissionais americanas
2. O nome da franquia seria Pioneers, mas um time de faculdade já utilizava esse nome, então o escolhido foi Trail Blazers, que é uma expressão com significado de "descobridores" e digamos que fica bem melhor que Pioneers, não é?
3. Durante 1977 e 1995, a torcida do Portland esgotou os ingressos de 817 jogos consecutivos, o então maior recorde de todas as 4 ligas profissionais americanas, foi ultrapassado posteriormente apenas pelo Boston Red Sox (MLB).
4.Clyde Drexler, Terry Porter e Geoff Petrie são os únicos jogadores que não participaram do título de 1977 a ter a camisa aposentada pelo Blazers.
5. O Blazers é o segundo time na história (depois do Celtics em 1969) a vencer uma final da NBA depois de perder os dois primeiros jogos da série.
6.  Na final de 1977, uma gigantesca briga entre jogadores, comissões técnicas e torcedores, mudou o rumo da final, inclusive, Maurice Lucas disse que aquilo mudou como os jogadores do Blazers se sentiam, os fez crescer. Resultado: Uma virada histórica¹
7. No Draft de 1964, o Portland selecionou Sam Bowie ao invés do futuro Deus do basquete, Michael Jordan!
8.Em 2004, o Portland Trail Blazers não foi aos playoffs, isso os impediu de igualar o recorde de temporadas consecutivas chegando à pós-temporada, estacionando nas 21.
9. No Draft de 2007 o erro se repetiu, o Portland tinha a primeira escolha geral e selecionou Greg Oden. O número 2 daquele ano era um jovem ala chamado Kevin Durant!

domingo, 6 de março de 2016

A história do Los Angeles Lakers

O Los Angeles Lakers é uma das maiores franquias da história da NBA, senão a maior, junto com o Boston Celtics. Pode se considerar também que é um patrimônio histórico do basquete. Bom, essa longa e bela história começou na temporada de 1947-48, quando a vaga da quebrada franquia  do Detroit Gems foi comprada por Ben Berger e Morris Chalfen e transferida para Minneapolis, no estado de Minnesota. O interessante é que o recém formado Minneapolis Lakers já começou com um grande time, geralmente o início das franquias são de estruturação e dificuldades para formar um bom elenco.
Esse início com um bom elenco tinha uma base muito sólida, uma das lendas do basquete, o pivô George Mikan e um dos melhores alas da década de 40 e 50: Jim Pollard, o homem que aquecia para os jogos enterrando da linha de lances livres, ancestral de Zach LaVine. Com essa dupla e o bom John Kundla no comando técnico da equipe, não foi muito difícil ganhar o título da NBL (National Basketball League) naquela temporada.
George Mikan
Em 1948, o Lakers se transferiu para a BAA (Basketball Association of America) junto com mais 3 franquias. Com a aquisição no Draft de 1949 de um dos primeiros alas pivôs da história, o atlético Vern Mikkelsen, o time passou pelo Rochester Royals na final da conferência e venceu seu 1º título da BAA/NBA. Mikan foi o cestinha da liga, anotando 28,3 pontos por jogo.
Depois da temporada 1948-49, NBL se fundiu com a BAA, formando a nossa querida NBA. E adivinhem quem foi a primeira dinastia da NBA...Sim, o Lakers! Faturaram seu segundo título na temporada 1949-50, depois de uma campanha incrível, com 51 vitórias e 17 derrotas, Mikan foi novamente o cestinha da liga (28,4 PPG). No ano seguinte, perderam a final de conferência para o Rochester Royals, que ainda se sagrou campeão naquele ano.
A derrota dura na final da conferência oeste para o Royals serviu de aprendizado e deu mais energia ainda para aquele time do Lakers, que com uma fome absurda, venceu 3 títulos consecutivos (1952 á 1954). O título de 1954 foi o mais difícil, o astro George Mikan sofria com problemas no joelho, sua média caiu para 18 PPG, mesmo assim o Minneapolis conseguiu derrotar o Syracuse Nationals na final da liga.
Elgin Baylor
Com a aposentadoria definitiva de George Mikan, o time perdeu força, conseguiu chegar no máximo a final da conferência de 1957, mas o time foi ladeira a baixo e acumulou a sua pior campanha em 1957-58, vencendo apenas 19 jogos. Parece ruim, mas aquela campanha foi fundamental para o time conseguir draftar uma lenda do basquete, Elgin Baylor. O ala estreou na temporada 1958-59 e impressionou a todos com seu talento. Ele foi o quarto maior pontuador da liga (24,9 PPG) e terceiro maior reboteiro (15 RPG), além de anotar a então 3ª maior pontuação da história da liga, com incríveis 55 pontos. Baylor levou o Lakers do último lugar, para a final da NBA, isso tudo no seu primeiro ano como profissional. A final foi um marco, o início da maior rivalidade da história: Lakers x Celtics! O incrível time de Boston acabou sendo o campeão daquele ano.
Jerry West
Apesar da monstruosidade de Elgin Baylor, uma tenebrosa época para ser rival do Celtics tinha começado no seu ano de calouro. O Lakers caiu de rendimento e teve uma péssima campanha em 1959-60, com 25 vitórias e 50 derrotas. Outra temporada ruim que serviu para melhorar o time, mais uma lenda proveniente do Draft, Jerry West, o famoso logotipo da NBA. Contudo, o fator fundamental de 1960 foi a decisão do dono do time, Bob Short, de mudar a franquia para uma cidade maior, um centro econômico. Surgia assim o Los Angeles Lakers.
Na temporada de estreia em L.A. o time melhorou sua campanha anterior em 11 vitórias e voltou aos playoffs. Baylor bateu o recorde da NBA e marcou incríveis 71 pontos e 25 rebotes em um jogo contra o Knicks. O time chegou na final de conferência e acabou sendo derrotado pelo St. Louis Hawks no jogo 7. Na temporada de 1961/62, Baylor teve 38,3 PPG e West teve 30,8 PPG, essa combinação letal levou o Lakers para mais uma final da liga contra o Celtics, depois de uma boa campanha na temporada regular (54-26). A final foi uma das mais sofridas da história da franquia. O Celtics venceu na prorrogação do jogo 7, por apenas 3 pontos de vantagem.
Aquele time do Celtics faturou 11 títulos, era simplesmente sensacional, a maior dinastia da história da NBA, Baylor nasceu na época errada. O último pilar para o Lakers voltar a ser campeão foi Wilt Chamberlain, que foi integrado ao elenco em 1968, após uma excelente troca feita pelo Lakers. Wilt é um dos maiores jogadores da história do basquete e já tinha tido a experiência de vencer um título, era a peça perfeita.
Wilt Chamberlain
Logo na sua primeira temporada em Los Angeles, Chamberlain teve uma média simplesmente ridícula: 21,1 rebotes por jogo! O big three de Los Angeles era sensacional e o Boston já estava em um processo de declínio, foi apenas o 4º colocado do leste. Entretanto, nos playoffs os celtas se transformavam, chegaram na final da NBA. Depois da excelente campanha, o Lakers era favorito e iria decidir o jogo 7 contra o Boston em casa pela primeira vez. Ah o basquete...O favorito Lakers perdeu o título em casa para o arquirrival.
O time de Los Angeles perdeu um total de 7 finais para o Celtics em um período de 10 anos. Todos na vida tem uma chance, 1970 trouxe a última chance de Baylor vencer um título, a final era contra o... Knicks, e o Knicks era freguês do Lakers, Baylor costumava atropelar o time de Nova Iorque, mas a vida é interessante, quando não é para ser, não adianta. Knicks 4x3 Lakers.
O futuro laker, então jogador do Milwaukee Bucks, Kareem Abdul-Jabbar, botou toda a temporada 1970/71 embaixo do braço e venceu tudo o que era possível, inclusive eliminando o Lakers na final da conferência de 1971. Foi a última chance para Baylor, uma das maiores injustiças do basquete foi ele ter se aposentado (em 1971) sem vencer nenhum título.
O time que conseguiu 33 vitórias consecutivas em 1972
A mudança fundamental para conseguir o título foi a contratação do técnico Bill Sharman, foi ele que criou uma disciplina no time, os jogadores começaram a ir cedo para a arena e praticar os arremessos antes dos jogos. A disciplina foi transformada em resultados desde o início da temporada 1971-72. O time fez uma das melhores campanhas da história, com 69 vitórias e apenas 13 derrotas. Não marcaram 100 pontos ou mais em apenas um jogo e tiveram a maior sequência de vitórias (33 consecutivas) da história de todos os esportes profissionais americanos, recorde que dura até hoje. A final foi contra o Knicks, o basquete é sensacional. O Lakers garantiu sua vingança (4x1) e finalmente voltou a vencer um título após 17 anos, seu primeiro título em Los Angeles.Wilt Chamberlain foi o MVP das finais.
Kareem Abdul-Jabbar
Em 1973 foi a vez do Knicks se vingar e vencer o Lakers na final, Wilt Chamberlain se aposentou no final da temporada, era o fim de mais uma era, já que Jerry West se aposentou em 1974. Uma nova era se aproximava, Kareem Abdul-Jabbar (3 vezes MVP até então) foi trocado de Milwaukee para Los Angeles e assumiu o papel de protagonista do time. Nas suas duas primeiras temporadas, o time não foi aos playoffs, incluindo em 1976, quando Kareem venceu seu 4º prêmio de MVP. O time foi melhorando e se adequando ao novo astro, que venceu seu 5º prêmio de MVP em 1977, mas ainda não era suficiente para vencer a liga.
O Draft de Magic Johnson
O famoso "Showtime" começou a ser formado com a escolha do armador Magic Johnson, selecionado como a 1ª escolha do Draft de 1979. A habilidade fora do comum de Magic foi fundamental para a evolução do time, que conseguiu a 2ª melhor campanha da liga na temporada (60-22). O time de Los Angeles atropelou todos os adversários nos playoffs e sagrou-se campeão da NBA. Kareem foi MVP da temporada pela 6ª vez e Magic foi o MVP das finais no seu ano de calouro!
Em 1981, com problemas no joelho, Magic perdeu boa parte da temporada. O Lakers ficou em 3º no oeste e acabou sendo eliminado pelo Houston Rockets de Moses Malone na primeira rodada dos playoffs. O técnico Paul Westhead foi demitido por conta de alguns problemas internos e Pat Riley (ele mesmo) e Jerry West assumiram o comando técnico da equipe, que liderou o oeste e varreu Suns e Spurs nos playoffs, vencendo o título em cima do 76ers.
No Draft de 1982, mais uma lenda foi adicionada ao time, o ala James Worthy, que acabou se lesionando na última semana da temporada 1982-83 e ficou de fora dos playoffs. O Lakers acabou perdendo a final para o Philadelphia 76ers. Em 84, depois de mais uma boa campanha na fase regular, o Lakers sofreu mais uma derrota nas finais, era a revanche de Larry Bird, que liderou o Celtics em uma série dura que acabou em 4-3 para o Boston.
Imagem da histórica final de 1985
O time de Los Angeles ficou em 2º em 1985, com uma campanha de 62 vitórias e 20 derrotas, o primeiro da liga e favorito era o Boston Celtics, mas o Lakers viria com raiva nos playoffs, passando por cima de todos os adversários. A final foi épica, com grandes atuações de Kareem (já com 38 anos foi o MVP daquela final), o Lakers venceu o título no TD Garden (Arena do Boston) e foi o primeiro time visitante a conseguir esse feito.
Magic comemorando o título de 1987
Magic ganhou seu primeiro título de MVP em 1987, e guiou o time em uma excelente campanha (65-17), além de atropelar todos os adversários e derrotar o Boston em mais uma final. No ano seguinte, mais atropelos e uma final duríssima contra os Bad Boys de Detroit, vencida por 4-3, com James Worthy sendo o MVP das finais depois de fazer um triplo duplo no jogo 7. O fim daquela era estava quase no fim, Kareem se aposentou aos 40 anos em 1989, o time começou a se desmanchar. Fizeram boas temporadas (inclusive chegando a final e 89 e 91), mas a NBA tinha uma nova e poderosa era, a era de Michael Jordan. Para completar o declínio do time, Magic foi diagnosticado com HIV e teve que se aposentar.
Shaquille O'Neal e Kobe Bryant em 1996
Como sempre na história dessa franquia, uma nova era chegou bem rápido. Em 1996, Kobe Bryant foi draftado pelo Hornets e o Lakers conseguiu adquiri-lo em uma troca. O jovem Kobe tinha apenas 17 anos e acabava de sair da escola. Sim, ele foi direto da escola para a NBA! Na mesma janela, outra aquisição de peso (sem piadinhas), Shaquille O'Neal foi contratado! A 3ª peça foi draftada no mesmo ano, Derek Fisher. Os torcedores do Lakers devem ter saudades da administração do time naquela época.
Shaq era o principal jogador da franquia e liderava o time, que fez excelentes campanhas em 1997, 1998 e 1999. Entretanto, aquelas boas temporadas não foram traduzidas em títulos, o pivô precisava de mais apoio em quadra. O já consagrado técnico Phil Jackson foi contratado, com a experiência de 6 títulos com o Chicago Bulls. Kobe melhorava a cada temporada e passou a fazer uma dupla letal com Shaq, com alguns desentendimentos fora de quadra, mas dentro de quadra eram demais.
Lakers "Threepeat"
O time dominou a temporada do início ao fim, depois de 67 vitórias e 15 derrotas, Shaq foi o cestinha e MVP da temporada e da final. Depois de uma virada sensacional contra o Blazers na final do oeste, o Lakers venceu o Pacers de Reggie Miller na final da NBA e voltou a vencer a liga depois de 12 anos! O time de L.A. seguiu avassalador em 2001, varrendo todos os adversários e derrubando o Sixers de Iverson na final por 4x1, Shaq foi o MVP das finais novamente.
Depois de ser apenas o 3º no oeste, o Lakers foi aos playoffs e fez uma final de conferência épica contra o Sacramento Kings, que chegou a liderar a série por 3x1, mas após uma virada sensacional, o Lakers chegou na final da NBA contra o New Jersey Nets e passou o trator, um sonoro 4x0 e o 3º título seguido da franquia, Shaq juntou-se a Michael Jordan, sendo os únicos jogadores a conseguir 3 prêmios de MVP das finais consecutivos.
O Big 4: Kobe Bryant, Karl Malone, Shaquille O'Neal e Gary Payton
O muito bom San Antonio Spurs eliminou o Lakers na semifinal do oeste de 2003 e foi o campeão daquela temporada. Em 2004, Karl Malone e Gary Payton foram 2 reforços de peso para o time. O problema foram as lesões, mas o Lakers foi o 2º no oeste e conseguiu chegar na final da liga contra o Pistons. Franco favorito, o Lakers sofreu uma derrota muito inesperada, um 4x1 para o não tão badalado time do Detroit Pistons. Shaq foi para o Miami Heat, Phil Jackson se demitiu, muitos dizem que tudo isso foi devido a conflitos internos. O fato é que mais uma era se acabou.
Mais um período de reconstrução pela frente e uma mudança fundamental: O novo time seria montado em volta de Kobe. O período de reconstrução durou até 2007. Kobe foi convencido a ficar no time na temporada anterior, Phil Jackson voltou ao cargo de técnico. Derek Fisher foi recontratado e Pau Gasol foi contratado em fevereiro de 2008. O time voltou a boa fase e liderou o oeste, Kobe foi o MVP da temporada, mas não conseguiu vencer o poderoso elenco do Boston Celtics na final da liga.
O 16º título contra o Boston Celtics
A volta por cima viria nas próximas duas temporadas, onde o Lakers seria soberano. Com o primeiro lugar no oeste em 2009, o time de  L.A. derrubou o Jazz, Rockets, Nuggets e Magic, voltando a conquistar um título e com Kobe sendo o MVP das finais. Em 2010 o último título chegou com um ar de vingança, não há nada melhor para um torcedor do Lakers, do que vencer um título sobre o Celtics. A final foi um espetáculo, vencido pelo L.A. no jogo 7, com Kobe se tornando MVP das finais mais uma vez. Foi o 16º e último título de uma franquia gigante, só tem menos títulos que o Boston Celtics (17)
O futuro do Lakers: Clarkson, Russell e Randle
Depois desse período, o Lakers desmoronou, pela primeira vez em sua história, lesões e mais lesões de Kobe, conflitos internos, time desmontado e por aí vai. Na atual temporada a torcida vai aproveitando seus últimos momentos com a lenda, Kobe Bryant, que irá se aposentar no fim desta temporada. O time tenta se reconstruir com jovens jogadores, como Julius Randle, Jordan Clarkson e D'Angelo Russell. No próximo Draft, a franquia terá uma escolha alta e um espaço bem grande na sua folha salarial, podendo ir atrás de grandes jogadores. Para o bem do basquete, essa franquia precisa se reconstruir logo.

Curiosidades do Los Angeles Lakers:
1.O nome "Lakers" se deve ao estado de Minnesota (onde tudo começou), conhecido como "A terra de 10 mil lagos (lakes)"
2.A franquia foi comprada em 1947 pelo valor de 15 mil dólares e hoje Lakers é a segunda franquia mais valiosa da NBA (segundo a revista Forbes), o valor é estimado em 2,7 bilhões de dólares (!!!).
3.Em um jogo contra o Fort Wayne Pistons, na temporada 1950-51, o placar foi de 19x18! O menor placar da história da NBA!
4.Em janeiro de 1960, o time estava viajando para St. Louis, quando uma forte nevasca levou o avião a 250km de distância do seu destino (St. Louis). O piloto foi forçado a aterrissar em um milharal, felizmente ninguém se machucou.
5.Jerry West foi o primeiro e único jogador que recebeu o prêmio de MVP das finais após ter perdido a série.
6. No jogo 6 das finais de 1980, Kareem estava lesionado, o Lakers não tinha pivôs no banco. Magic Johnson (ARMADOR) jogou como pivô e anotou simplesmente 42 pontos, 15 rebotes e 7 assistências, garantindo o título para o Lakers!
7. O Lakers da década de 80 ganhou o apelido de "Showtime" por conta dos letais contra ataques em que Magic dava passes sensacionais sem mesmo olhar.
8. Em janeiro de 2006, Kobe Bryant atingiu a segunda maior pontuação da história da NBA em um único jogo, simplesmente 81 pontos contra o Raptors!
9. O Lakers foi o primeiro time da história da NBA a alcançar 3 mil vitórias em temporadas regulares!
10. Cinco jogadores que passaram pelo Lakers estão hoje entre os 10 maiores pontuadores da história da NBA!

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Warriors e Curry: Amor e ódio dos fãs. Como tudo começou e onde vai parar


Golden State Warriors e Stephen Curry estão mudando a história e desenvolvimento da liga, isso é fato. "Ah mas você tá querendo dizer que eles são melhores que o Bulls e que Curry é melhor que Jordan" NÃO! Não pretendo comparar times com esse post. O ponto é que o basquete está mudando de formato, de estilo e dinâmica de jogo e os responsáveis estão no começo deste parágrafo.
Alguns dos melhores pivôs da história da NBA
Desde sua fundação, a NBA esteve acostumada com jogos mais pegados, duros, com muitas disputas no garrafão, com grandes e excelentes alas pivôs e pivôs, como Kareem Abdul Jabbar, Wilt Chamberlain, Bill Russell e muitos outros. As bolas de três pontos foram incluídas na NBA em 1979, ano em que Larry Bird e Magic Johnson estreavam na liga. Larry Bird foi ambicioso e se especializou nos chutes de 3 pontos e de média distância, sendo um dos primeiros a explorar a linha de três de forma bem sucedida, mas nunca a explorou ao máximo. O início dos 3 pontos gerou estranhamento, tanto para os jogadores, quanto para os fãs.
Com o tempo, o jogo de fora do garrafão foi crescendo, o famoso mid range, que se trata de chutes de média distância, foi o que mais evoluiu e foi se adaptando ao gosto dos torcedores e jogadores, um dos maiores responsáveis por isso foi o melhor jogador da história do basquete, Michael Jordan, que era especialista nesses chutes. Se contextualizarmos para nossa época (tenho 20 anos), temos Kobe Bryant, Kevin Durant e Carmelo Anthony, que usam e abusam dos chutes de média/longa distância.
Bom, o curioso é que tínhamos times que variavam entre jogos no garrafão e média distância, claro que haviam os especialistas em bolas de 3, porém a nova regra até então não tinha sido explorada ao máximo e ninguém tinha pensado nisso. Há pouco tempo atrás, Curry e Thompson eram bons jogadores, sob o comando do técnico Mark Jackson e o Golden State Warriors era um time normal, que vinha evoluindo um pouco a cada temporada, mas estava longe de ser um time favorito e tudo mais.
Steve Kerr substituiu Mark Jackson no comando técnico e foi a cabeça por trás do estilo de jogo insano que viria à tona na temporada passada. De lá pra cá, vocês já sabem o que aconteceu, o Warriors foi um experimento científico que ascendeu de forma incrível e passou a "ameaçar" o legado antigo do basquete. Li um texto interessante que dizia que tudo o que é novo em uma sociedade, assusta as pessoas que já estavam acostumadas a uma tradição antiga. É como se você só comesse carne e chegasse um líder que lhe apresentaria uns vegetais e frutas e lhe diria que é muito melhor que carne. Todos ficariam desconfiados com aquele cara, por um bom tempo, mas depois, quando ele partisse, você iria pensar em como aquilo poderia ter lhe ajudado a não ficar gordo (sem ofensas) ou com problemas de saúde, por exemplo. Nossa! que viagem, espero que tenham entendido o que eu quis dizer.
O fato é que Stephen Curry é esse líder, que vem causando sucesso/desconfiança e raiva devido a esse novo estilo de jogo. O que ele faz em quadra é muito diferente do que muitos dizem por aí, como por exemplo: "É um mero chutador, não é decisivo...". Ele é responsável por esse "susto" em muitos fãs que estavam acostumados a outro tipo de jogo, pode até ser interpretado como ofensivo. O fato é que esse rapaz está mudando a história da liga e construindo um legado sensacional. Isso não quer dizer que ele é o maior e melhor de todos, não.
Uma das maiores mentes da NBA, Gregg Popovich, técnico do San Antonio Spurs e responsável por todos os 5 títulos da franquia, é uma das pessoas que odeia as bolas de 3 pontos e já chegou a dizer que isso não é basquete e é mais parecido com um número de circo. Nesse ano, ele se rendeu e passou a admirar o que o time de Oakland faz em quadra. Sim, Pop, parece um número de circo, mas no mínimo um Cirque du Soleil, é incrível de assistir. O "turrão" Popovich declarou o seguinte:
"Eles são um time muito divertido. Eu compraria um ingresso para vê-los jogar. Quando eu os vejo movendo a bola, fico com muita inveja. Quando os vejo arremessando sem marcação mais do que todo mundo na liga, é inspirador. É um grande basquetebol. Na verdade estou gostando muito deles. Você tenta decifrá-los, mas de certa forma eles são indecifráveis com aquela mistura particular de talentos que eles têm. Não é só uma questão de que Steph (Curry) consegue matar bolas, Klay consegue matar bolas ou Draymond Green é versátil. Todos que estão em quadra são capazes de passar, receber e arremessar. E todos eles entendem isso".
Muitos dizem que se dobrarem e apertarem a defesa em Curry, vão conseguir pará-lo, mas isso é exatamente o que o Warriors precisa para te castigar com outros jogadores, e com o próprio Curry, que aprendeu a ser mais agressivo e escapar dessas situações. Parei para pensar e o grande responsável por essa melhora do atual MVP (além dele mesmo) é o armador do Cleveland Cavaliers, Matthew Dellavedova. O australiano fez uma marcação sensacional em Curry na última final da NBA, apertando-o, diminuindo seu espaço, inclusive, muitos memes surgiram na internet, caçoando do armador do Warriors. A virada de mesa, pelo menos para mim foi marcada em um lance que ocorreu no jogo 5 daquela final:

Esse é um dos lances comuns de Stephen Curry na atual temporada, ele e os seus próprios companheiros já estão acostumados. Ainda nesta semana ele fez isso contra o Orlando Magic:
Curry está com um número absurdo de 4 bolas do meio da quadra (ou antes) convertidas na temporada, tanto que neste lance, os seus companheiros riram no banco, não havia aquele ar de espanto. Bom, Klay Thompson explica melhor:
"Haha, eu já sabia que ele ia acertar aquele chute do meio da quadra, juro que sabia. Até falei para o Brandon (Rush) no banco, 'Apenas assista, ele vai acertar essa'. Nós estamos testemunhando a grandeza".
Vamos a alguns números e recordes para situar melhor essa aproveitamento incrível da linha de 3 pontos:
1. Curry bateu o recorde de Kyle Korver (127 jogos) e acertou pelo menos uma bola de três nos últimos 130 jogos!
2. Ele igualou ontem contra o Thunder recorde de maior número de bolas de três convertidas em um único jogo, com incríveis 12, partilhando dessa marca com Kobe Bryant.
3. Ele também quebrou mais um recorde ontem, desta vez um recorde que já pertencia à ele: Maior número de bolas de três convertidas em uma temporada, ele tinha 286 na temporada passada, nesta ele já tem incríveis 288, e é bom lembrar que ainda faltam 24 jogos para o fim da temporada regular.
A cada jogo do Warriors eu teclo nesse ponto de testemunhar, ver a história passando pela minha e sua frente. Lembro do meu pai com os olhos brilhando me contando da época em que assistia a NBA, e assistia Jordan, Magic, Bird, naquela glamorosa época da NBA. Eu escuto com atenção e tento tirar para mim a lição de aproveitar o que esses caras estão fazendo. 53 vitórias e apenas 5 derrotas na temporada, um estilo de jogo que jamais vi na vida e provavelmente vocês também não.
As gerações da NBA.
Eu também aprecio algumas críticas, queria muito ter visto essas lendas do passado jogando ao vivo, meu alento é que existem os VTs dos jogos, reservo um tempo da semana para assisti-los. É preciso ser saudosista sim, é importante respeitar tudo o que esses jogadores fizeram pelo basquete. Respeito o passado, o presente e o futuro da NBA, isso porque respeito esse jogo acima de tudo. Não sejam chatos, aproveitem, tanto o passado como o presente e o futuro e acima de tudo respeitem o nosso basquete!
Onde o Golden State Warriors vai parar? Não sei, talvez não consigam bater o recorde do Chicago Bulls, talvez consigam e percam nos playoffs ou final, porém acho bem improvável, não existe brecha nenhuma para sequer desconfiar desse time, estão em um patamar completamente diferente. Como pará-los? Não sei, e até agora também ninguém sabe. A única coisa certa é que os Warriors e Stephen Curry estão sendo históricos para a NBA. Espero que tenham gostado, fui bastante sincero no que escrevi, se não concordam, sejam bem vindos a um bom debate!